Fórum - 3º ano C

Quando em 2003 foi anunciado o mapeamento do genoma humano e seu subseqüente seqüenciamento, pudemos presenciar uma grande conquista científica que expôs ao mundo o quão evoluído estávamos em relação à engenharia genética. O conhecimento sobre o nosso ser traria entre outros benefícios, uma melhor qualidade de vida não somente para a nossa geração como também para às gerações futuras, entretanto tais descobertas acabariam por trazer também a luz da discussão da sociedade, dúvidas e questões que vão muito além de simples questionamentos, e colocam em pauta princípios morais, éticos e religiosos.

A evolução da espécie humana possibilitou ao homem se desenvolver ao longo dos anos das mais variadas formas. É necessário destacar que a relação do homem com o conhecimento, durante o último século em particular, tornou-se muito importante para o desenvolvimento evolutivo da sociedade moderna. Devido aos avanços tecnológicos e científicos o homem passou a alçar vôos cada vez mais altos, em especial, naquilo que diz respeito à criação e controle da vida. Hoje, por exemplo, é possível avaliar numa família através do aconselhamento genético quais problemas humanos associados à ocorrência ou risco de recorrência de uma doença hereditária ou genética na família podem vir a ocorrer, possibilitando ao indivíduo ou a família saber o que é a doença, como evolui, se tem tratamento, ou não, qual o prognóstico a curto e longo prazo, e qual é o risco de recorrência na prole ou na irmandade o que de certa forma é parecido com o programa de triagem populacional, onde são adotadas estratégias que podem ser utilizadas para tanto: em saúde pública, aqueles indivíduos que estão em risco de desenvolver uma doença específica e que se beneficiariam de investigação adicional e de ação preventiva/terapêutica imediatas como acontece com o teste do pezinho em bebês, ou seja, em ambos os casos os avanços na área possibilitam através de um diagnóstico precoce, prever defeitos genéticos nos indivíduos de determinada família oferecendo uma qualidade de vida melhor para ele e seus futuros descendentes.

Por outro lado, até de certa forma negativa, a possibilidade de prever com antecedência genes defeituosos coloca em questão outros pontos: até onde seria realmente benéfico o uso destas biotecnologias na prevenção de doenças? Como utilizar tais descobertas de maneira adequada para salvar vidas? Será que com elas, muitos pais ao saberem que podem ter transmitido uma doença genética grave não optariam por lhes tirar o direito de viver? Não é possível levantar estas questões e não pensar no aborto terapêutico ou provocado. No nosso país o aborto é permitido em dois casos: estupro e risco de morte à mãe. Em outros países o aborto é permitido em casos que representem risco de morte à mãe, a saúde física e mental da mulher e para dar fim a gestações que resultem em crianças com problemas congênitos graves. A prioridade em todos os casos deveria ser a vida, mas a questão não é simples. O aborto é um ato moralmente errado porque a vida de um feto é tão importante quanto a vida de uma ser humano adulto. Todo ser, independentemente de ter consciência ou não, deveria ter direito à vida. Não se pode adotar que matar uma criatura inocente seja a única opção só por ela apresentar um problema. Em casos, por exemplo, como do aborto por problemas congênitos a liberdade de escolha dos pais deveria ser limitada já que a alegação de problemas congênitos faria com que todo o processo de vida se tornasse algo puramente industrializado. Não existiriam mais seres “normais”, e sim seres eugênicos de abortos seletivos. A problemática desta questão talvez resida justamente neste limite que deve ser imposto entre aquilo que é moralmente ético para os cientistas/médicos e para a sociedade sobre o que se deve ou não ser feito, afinal não se pode brincar com a vida humana dessa maneira sem deixar de levar em conta o bem-estar do ser que está para ser gerado. Não se pode levar a criação de uma vida como a criação de um produto personalizado onde o feto é tratado como um ser sem vida, sem consciência ou simplesmente como um produto que pode ser escolhido ou descartado de acordo com o que às pessoas necessitam como parece ser com o caso da clonagem dos seres humanos. É sabido que a clonagem de seres vivos não é um fato novo e que vem ocorrendo há muito tempo com a clonagem de plantas e animais. Mas com o mapeamento o leque de possibilidades se estendeu aos seres humanos e o que antes era somente uma utopia passou a se tornar possível em alguns anos. A grande questão da clonagem se refere ao uso de tais procedimentos e seus fins. A clonagem se usada para fins nobres tornaria possível a cura ou o tratamento de várias doenças com a clonagem de células humanas e possibilitaria a casais, por exemplo, de gays terem filhos semelhantes ao casal. Entretanto, a clonagem esbarraria no processo antinatural da criação da vida, as pessoas poderiam recorrer à clonagem para ultrapassar sua longevidade criando seres como meras peças de reposição para o corpo “original”, formariam uma nação de seres eugênicos sem identidade própria, instrumentalizados como meios, não para fins, mas sim como se fossem produtos. Mas o que em certo sentido moral preocupa é pensar se temos este direito de brincar de sermos Deus e tratar a vida humana como mais um dos vários produtos que criamos.

Enfim, as novas tecnologias da engenharia genética trazem a promessa de mais prevenção e tratamento de doenças, e com ela várias outras questões. O desafio, dada a complexidade dos temas, é o de que elas sejam desenvolvidas de acordo com as prioridades determinadas pela sociedade no mais amplo debate democrático com a finalidade de priorizar o respeito a vida antes de qualquer coisa. Expondo e combatendo tentações eugenistas e a modificação humana através da clonagem reprodutiva, ou de outros meios que venham criar “aberrações”, como forma de prevenir o bem-estar e integridade dos seres humanos. Pois só assim a ciência poderá caminhar de mãos dadas com os conceitos éticos, morais e religiosos.



Evelyn Andressa B. Magalhães

Beiijos Prof! <3

By: Marianne Silva França N° 19
3° "C"